Aluno de 13 anos da AEL publica livro de poesias autorais
Publicação: 23/08/2021

Marcos Vieira se destaca na produção de poemas sobre suas indignações e alegrias 

Com apenas 13 anos, o estudante Marcos Vieira, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Benedito Calixto, já é um destaque na área da poesia. O garoto que mora no bairro José Bonifácio, no extremo leste de São Paulo, já foi vencedor de concursos e em 2021 foi convidado a lançar o seu próprio livro com textos autorais. 

A sua trajetória na literatura foi iniciada por incentivo de uma das professoras de sua escola, a Tatiane Cândido, que atua na Sala de Leitura e no Projeto Academia Estudantil de Letras (AEL). Para ela, Marcos já era uma criança muito ativa, incluí-lo nas atividades da Academia Estudantil de Letras foi uma estratégia para direcionar positivamente a sua energia criativa.

“Ele é um estudante super participativo. Deu muito trabalho de comportamento até o 6º ano, mas depois de muitas conversas assumiu um papel responsável e de protagonista de uma brilhante história que não vai parar mais”, conta orgulhosa a Prô Tati, como é chamada pelos alunos da EMEF.

Estudante da AEL Marcos Vieira
Apresentação da peça Carolinas (Reprodução/ Secretaria Municipal de Educação)

A AEL é um projeto em que cada estudante se torna amigo literário e representante de um escritor com grande reconhecimento. Durante as atividades semanais, fazem pesquisas e realizam seminários sobre o seu escritor. Em sua academia, Marcos passou a representar a cadeira número um, que é dedicada a Maurício de Sousa, famoso por ser o criador da Turma da Mônica. 

Poesia

Apesar de se interessar e ser um especialista sobre seu amigo literário, Maurício de Sousa, é na poesia que Marcos mais se destaca. A trajetória do garoto na literatura iniciou em 2018, quando começou a participar do tradicional concurso de declamação de poesias que acontece anualmente em sua escola. 

A professora conta que nos concursos as crianças e adolescentes costumam declamar poesias de outros autores para criarem seus repertórios e afinidade com o gênero. Em sua primeira participação, Marcos já surpreendeu os jurados trazendo poesias longas e principalmente de cunho político, social e religioso. “Estávamos acostumados com Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e seus contemporâneos. Aí chega o Marcos rasgando o verbo com poemas periféricos recitados no estilo de slam”, enfatiza Tatiana.

Por dois anos consecutivos o garoto foi campeão. Em 2018, chegou à final com a poesia “A Canção do Africano”, de Castro Alves. Na ocasião, a obra de 1863 ganhou nova roupagem com a entonação e o ritmo empregado por ele na declamação. Em 2019, apresentou o texto do poeta, slammer e também morador do extremo leste da capital, Cleyton Mendes, “Contra indicação”. O poema tem duração de cerca de três minutos sendo declamado e foi todo decorado pelo jovem. 

Imersão na escrita

Nesse processo de imersão na poesia, Marcos também passou a dedicar-se à escrita. Em 2020, já no 7º ano, pode participar de concursos de poesia autoral e conquistou o primeiro lugar novamente. Ele apresentou “Enfim, a hipocrisia” (assista), em que discorre sobre o racismo estrutural presente no dia a dia da sociedade. Aos poucos, passou a produzir com mais assiduidade e já declamou em eventos da Academia Estudantil de Letras e em competições de slams, entre eles, o Ecos de Durban e o Interescolar, promovido pelo Slam da Guilhermina.

Devido ao seu destaque na escola e nas apresentações, foi convidado por uma editora para publicar seu próprio livro – “Quem perdoa é Deus”, lançado no início de 2021. A publicação tem 30 poesias que escreveu com temas variados, como política, racismo, felicidade e suas minhas indignações. O garoto conta que antes do convite já falava em escrever o livro. “Tudo começou com uma brincadeira, em uma conversa no whatsapp. Uma amiga falou que eu tinha que escrever um livro e falei que já tinha poesias suficientes. A partir daí, percebi que isso poderia se realizar e comecei organizar e conversar com professores e colegas. Capa, prefácio e orelha foram feitos com o apoio de pessoas da escola”, completa.

“Ele é muito empolgado e tem uma visão política e social que poucos adultos possuem. O assunto político do momento vira fermento para o seu bolo de poesia. Toda sua crítica e revolta vira verso, e sempre ou na maior parte das vezes, de forma irônica e sarcástica. Ele é o aluno que põe fogo na escola sorrindo, que encabeça a bagunça, que sempre estará no meio do vendaval, mas quando pega uma caneta ou um microfone é só para brilhar”, conta emocionada a professora Tatiana.

Inspirações

Além de Clayton Mendes, o garoto diz que alguns dos poetas periféricos e slammers em quem se inspira são: Tawane Theodoro, Jessica Campos, Luz Ribeiro, Daniel GTR e Lucas Coka. Para o jovem poeta escrever é a forma em que ele consegue extravasar o que não sabe falar de forma natural. “A poesia marginal trata de questões das pessoas que estão às margens da sociedade, e é onde a gente tá, né?”.

Marcos reconhece o incentivo dos seus professores e diz que almeja se formar em jornalismo ou pedagogia. “Acredito que nessas profissões poderei passar parte do conhecimento que venho construindo através da literatura. Além disso, já estou pensando em meu segundo livro, que dessa vez deve ser de crônicas.”

Boletim da Educação Municipal

Marcos Vieira foi destaque da edição dedicada aos estudantes do Boletim da Educação Municipal publicado em 13 de agosto de 2021. Assista ao vídeo:

Fonte: Secretaria Municipal de Educação

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