Por meio das redes sociais, dicas e resenhas são compartilhadas
No repositório ilimitado da internet é possível encontrar conteúdo para, praticamente, todos os grupos. Entre a infinidade de fotos e vídeos que rolam pelo feed, os apaixonados por literatura têm uma categoria de perfis dedicadas somente a eles: os influenciadores de livros – ou “Bookstagramers”. Por meio das redes sociais, escritores, jornalistas, empresários e entusiastas da leitura compartilham dicas e resenhas sobre títulos de diferentes gêneros.
A tendência de criar leitores por meio da internet começou há alguns anos no YouTube com os booktubers e, acompanhando a evolução virtual, rolou uma adaptação às outras plataformas. Hoje, os influenciadores literários estão no Instagram, passam pelo TikTok e chegam ao Spotify.
Não era o plano, contudo, de Paulo Lannes, quando o jornalista notou que havia se tornado um influenciador de livros no Instagram. Despretensiosamente, ele criou o @lendoarte no intuito de compartilhar suas experiências, mas não imaginava a proporção que o perfil teria em sua vida pessoal e profissional.
“O fato é que fui fazer doutorado em literatura na Universidade do Porto, em Portugal, em 2018 e lá, meio solitário, pensei em criar um perfil, em 2019, discutindo minhas leituras, o que fazia com grande recorrência e não tinha com quem conversar”, contou ao Metrópoles.
“O perfil me aproximou de uma série de pessoas de todo o Brasil (e de Portugal também) que não só começaram a me seguir como também a debater e me indicar a outras pessoas. E, mesmo diante de tantas alterações de algoritmo da rede que pede por um conteúdo mais de entretenimento do que de aprofundamento, tem valido a pena manter a página viva”, destaca Lannes.
Foi por meio de sua atuação na rede social que Paulo conheceu Igor Miranda, dono do @aestanteemmim, que viria a se tornar seu sócio em uma editora. “Até hoje, nosso principal meio de divulgação do trabalho é o Instagram e nossos perfis pessoais acabam sendo associados diretamente a isso. Além disso, hoje também sou dono de um clube de leitura por assinatura de literatura brasileira que está hospedado no Catarse, chamado Leiturar-te”, explica o editor.
Ver a leitura ocupar um espaço tão visual como é a internet, motiva Fabiane Guimarães a publicar dicas sobre livros e dividir etapas do processo criativo na hora de escrever uma obra.
“Falar de leitura em espaços como as redes sociais, que são massivos por natureza, contribui bastante para a formação de novos leitores e leitoras. Tenho visto muita gente jovem, principalmente, engajada em clubes de leitura on-line e na produção de resenhas. Isso dá uma esperança de que o hábito da leitura seja ampliado, e ainda abre espaço para novos escritores e escritoras como eu, que moram longe dos grandes centros tradicionais do mercado editorial”, acredita a escritora e jornalista.
Em fevereiro deste ano, a moradora de Brasília lançou seu primeiro romance: Apague a Luz se For Chorar, pela editora Alfaguara. “Lançar um livro no meio de uma pandemia é complicado porque não há eventos, feiras, lançamentos presenciais”, pondera Fabiane. Manter-se ativa nas redes foi a forma que ela encontrou para se manter ligada aos seus leitores.
Rotina de um Bookstagramer
Render conteúdo em seu perfil no Instagram não é uma obrigação, considerando que a leitura é uma atividade prazerosa para Paulo Lannes. O empresário explicou que lê cerca de 10 livros por mês, não como regra e sim de acordo com sua vontade.
“Tento sempre conciliar a leitura de clássicos com a de contemporâneos – nacionais ou não – porque gosto de perceber diferentes perspectivas sobre o mundo, ao invés de me ater a um autor específico ou a um tipo de obra específica. Ultimamente tenho privilegiado muito os autores contemporâneos latino-americanos e autores LGBTs, mas sempre aparecem escritores brasileiros, árabes, japoneses, italianos, etc”, detalha.
Enquanto compartilhava seus títulos prediletos e falava a respeito do próprio livro, Fabiane Guimarães notou uma curiosidade comum entre seus seguidores e passou a trabalhar em torno deste anseio da audiência também.
“As pessoas gostam de saber sobre processo criativo, têm muitas dúvidas e curiosidades sobre a carreira de escritora, então eu tento produzir posts falando sobre isso com frequência. Além de ser escritora, sou formada em jornalismo e trabalho com comunicação e direitos humanos”, acrescenta a escritora.
Confira uma lista com 10 Bookstagramers para seguir no Instagram:
- @akapoeta – João Doederlein
- @book.ster – Pedro Pacífico
- @livroarbitrio – Victor Figueirôa
- @ayaliteraria – Aya
- @beatrizpaludetto – Beatriz Paludetto
- @bibilendo – Bibi
- @lendoarte – Paulo Lannes
- @fabicguimaraes – Fabiane Guimarães
- @tatianafeltrin – Tatiana Feltrin
- @inparadisum – Renata Martins
Fonte: Metrópoles, por Marcela Brito