Campeonato paulistano de slam é finalista do Prêmio Jabuti
Publicação: 25/11/2021

Projeto é voltado a estudantes de escola pública e concorre na categoria Inovação

Há sete anos, o escritor Emerson Alcalde de Jesus, 39, viajou à França para representar o Brasil em um campeonato de poesia falada. Na volta, inspirado pelas escolas de lá que promoviam entre estudantes esse tipo disputa — conhecida como slam —, Emerson reuniu um grupo para replicar a ideia no país, sobretudo nas escolas públicas das periferias.

Assim surgiu em 2015 o projeto Slam Interescolar SP, que agora está entre os cinco finalistas do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Inovação — Fomento à Leitura. O eixo abrange, na descrição feita pela organização, ações, projetos e iniciativas que despertem e sustentem o interesse pela leitura, além de ações de caráter social, cultural ou tecnológico que sejam inclusivas e abrangentes.

PRÊMIO JABUTI

Organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Jabuti é o mais tradicional prêmio literário brasileiro. Os vencedores deste ano serão revelados no dia 25 de novembro, às 19h, no canal de YouTube da CBL. Conheça todos os finalistas em 2021

O Slam Interescolar SP é um campeonato anual de poesia falada com alunos do ensino fundamental 2 e do ensino médio da rede pública da cidade de São Paulo. São realizadas duas grandes finais com todas as escolas inscritas. “O propósito básico é o protagonismo juvenil e o estímulo à leitura e à escrita, conectado em uma rede”, diz Emerson.

Na primeira edição, o Slam Interescolar SP reuniu quatro escolas. Já neste ano, mesmo em meio à pandemia e com menos recursos, foram 102 instituições. “Ficamos muito surpresos e felizes com esta indicação, pois sabemos do potencial do projeto e das modificações que promovem nos alunos”, afirma o escritor. “Não tivemos recursos para realizar as edições deste ano. Fizemos ‘na raça’”, emenda.

Emerson ressalta a ausência de recursos, editais e patrocínios. Sem apoio público ou privado, as ajudas individuais custearam a edição 2021. “As pessoas se voluntariaram para que o projeto pudesse acontecer. E pediram para que fizemos uma vaquinha através do PIX para que pudéssemos comprar as premiações: tablets e notebooks, troféus, medalhas”, lembra. “Rapidamente conseguimos a meta”.

Para ele, um dos motivos pelo qual o projeto não foi aprovado em editais é o conceito: “Nosso projeto é político. Propomos o pensamento crítico. O empoderamento social, racial, feminino. E isto incomoda o poder”, resume.

No que diz respeito ao incentivo à leitura nas escolas públicas das periferias, Emerson diz que existem diversas iniciativas, como a Academia Estudantil de Letras (AEL), na qual ele é um dos homenageados, mas ressalta que as políticas dependem muito do governo e da gestão em curso nas cidades. “Em relação ao nosso projeto, não existe política pública para esse tipo de iniciativa”, pontua.

SLAM INTERESCOLAR SP

As vagas para o Slam Interescolar SP são conquistadas nas seletivas realizadas pelas escolas em parceria com o Slam da Guilhermina, movimento da zona leste de São Paulo que produz o campeonato. A mediação é feita por poetas-formadores — slammers oriundos de diversas regiões da capital paulista e que atuam em seus territórios gerando legitimidade e identificação nos estudantes. Acompanhados por esses poetas, os alunos passam por um ciclo formativo de oficinas de escrita, voz, corpo, performance e didática.

Neste ano, durante três meses, Beká, Daniel Minchoni, Fernaun, Jéssica Campos, Márcio Ricardo, Mariana Felix, Monique Amora, Nathan Gomes e Tawane Theodoro, nomes importantes na cena do slam no Brasil, acompanharam de maneira voluntária os estudantes no desenvolvimento de textos e performances. As finais foram online e atingiram aproximadamente 2.700 visualizações.

Saiba mais no perfil do projeto no Instagram: @slaminterescolar

Fonte: Estadão Expresso, por Lucas Veloso

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