Cobradora de ônibus escreve livro que retrata rotina no trânsito
Publicação: 22/09/2021

Genicleide de Lima divide o dia entre o trabalho, a escrita e a faculdade de letras

A sensação da cobradora Genicleide de Lima, de 55 anos, é de que vive no ônibus e passa apenas algumas horas em casa, segundo sua própria definição. Tanto tempo no transporte público a inspirou a escrever o livro de poesias “Pétalas de Gemaguili”, que retrata o olhar dela sobre a rotina no trânsito.

“A inspiração vem de tudo, da natureza, do mar, do sol, do amor… Deus me dá essa inspiração”, contou Genicleide, que trabalha diariamente na linha TI Xambá/TI Joana Bezerra.

De acordo com a cobradora, mais do que a escrita, a inspiração vem do ato de observar. Tudo o que é visto é passado para o papel ainda durante as viagens realizadas. “Eu falo sempre a verdade, mesmo que ela seja só minha, porque todas as minhas verdades vem entre linhas”, contou.

Depois que todos os passageiros entram no coletivo, é hora de fazer as anotações. “Pego caneta, papel e, onde tem espaço, vou escrevendo. Não deixo nenhuma partezinha do papel em branco”, disse.

As viagens no ônibus ocupam mais horas do dia de Genicleide do que o tempo em que fica em casa, em Olinda. “Eu acordo às 3h, pego o ônibus que sai às 4h, trabalho até 14h25, vou para casa e organizo algumas coisas. Às 17h, vou para faculdade, durmo três horas por noite e começa tudo de novo”, afirmou.

Cobradora Genicleide Lima escreve livros com base no que observa durante o trabalho no ônibus — Foto: Reprodução/TV Globo
Cobradora Genicleide Lima escreve livros com base no que observa durante o trabalho no ônibus (Foto: Reprodução/TV Globo)

No oitavo período do curso de letras, Gecicleide disse que “acreditar que tudo pode melhorar” é a receita. “Mesmo em situações ruins, penso em passar coisas boas para as pessoas no papel. E quando as pessoas lerem, que se inspirem e saibam que tudo é possível”, disse.

Uma dessas “coisas boas” citadas pela cobradora é o lançamento do livro de poesias “Pétalas de Gemaguili”, que aconteceu na terça-feira (18), às 18h, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, na Rua João Lira, no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife.

Fonte: G1 Pernambuco, por Danilo César

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