Espetáculo infantil promove e discute acessibilidade nas artes
Publicação: 17/02/2022

Temporada vai até 10 de abril no Teatro Sérgio Cardoso

No próximo dia 19 de fevereiro, sábado, estreia no Teatro Sérgio Cardoso o Musical da Passarinha, que permanecerá em cartaz aos sábados e domingos, sempre às 15h. Com dramaturgia e direção de Emílio Rogê, e arranjos e direção musical de Kiko Pessoa, o espetáculo foi especialmente concebido para discutir e promover acessibilidade de todas as pessoas ao teatro, tenham elas alguma deficiência ou não.

A temporada ocorre até o dia 10 de abril e às sextas-feiras terão sessões gratuitas e exclusivas para escolas e instituições que atendam crianças com deficiência, além disso todas as apresentações irão contar com interpretações simultâneas em libras e audiodescrição. A narrativa conta a história de Rita, uma menina que deseja conhecer o teatro, no entanto, vive em uma cidade na qual não existe palco; de sua mãe Carmem, que têm o sonho de voar; e seu melhor amigo Miguel, um menino surdo que almeja dançar. Esses três personagens sonhadores recebem a visita de uma cantora de ópera, e depois dessa chegada inesperada e milagrosa a vida deles muda completamente.

Utilizando como ponto de partida a reflexão do poeta português José Saramago “e se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar? ”, a trama aborda de maneira original, sensível e delicada questões que tratam da acessibilidade nas artes do palco. Para contar a história, o elenco também precisou estudar como tornar as artes cênicas mais acessíveis e inclusivas. O diretor Emílio Rogê pontua o seguinte:

“Estamos contando uma história que leva em consideração a vontade de chegar ao maior número de crianças possível, pensando em suas singularidades e necessidades. Foi preciso inventar uma nova gramática teatral, em que nenhum sentido seja destacado em detrimento de outro. Como cantar para quem não ouve? Aprendemos Libras! Como mostrar a encenação para quem não vê? Estamos conhecendo e entendendo a audiodescrição. Assim, formatamos o texto para todas essas linguagens, que, para nós artistas, são pouco conhecidas. E é nosso dever aprendê-las.”

O elenco também inclui um ator surdo Harrison Adams, que representa ao lado de Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideki, Luísa Grilo e Daniel Costa. Outros temas pautados na peça são encontros e despedidas, realização de sonhos e a descoberta da própria voz.

“Eu acredito muito nessa linguagem, que mudou os rumos da minha vida. Falar de teatro com as crianças é falar de uma esperança crítica. Uma reflexão sobre quem somos e o que podemos ser. Quero que elas desejem de coração estar no teatro, sentindo-se em casa dentro dele, sem qualquer tipo de exclusão”, completa o diretor.

O autor também deseja pautar a importância da cultura na vida das crianças, assim como o acesso delas a arte teatral, segundo o IBGE apenas 23,4% das cidades brasileiras possuem teatros, e grande parte deles está concentrado na região sudeste, isso é preocupante e esse direito deve ser defendido. Emílio Rogê está interessado em atrair as pessoas para realizar essa reflexão:

“Quero que todos e todas enxerguem o teatro como esse espaço anárquico das vozes que vão ser ouvidas e enxergadas, cada uma a sua maneira. É um tempo de narrativas singulares, mas que se nutrem em comunidade”, afirma.

SERVIÇO

O MUSICAL DA PASSARINHA
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista | São Paulo – SP

Temporada: 19 de fevereiro a 10 de abril, aos sábados e aos domingos, às 15h | Não acontecem apresentações nos dias 26 e 27 de fevereiro.

Projeto Escola: Às sextas-feiras, as sessões são gratuitas e exclusivas para escolas e instituições que atendem crianças deficientes. (os agendamentos são feitos pelo e-mail agenciadramatica@gmail.com)

Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)

Classificação: Livre (Haverá interpretação de libras e audiodescrição em todas as apresentações).

Fonte: SP Escola de Teatro

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