A pandemia e a saudade da escola
Publicação: 22/07/2020

“Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco até o bê-á-bá.
Em todos os desenhos coloridos vou estar:
A casa, a montanha, duas nuvens no céu
“E um sol a sorrir no papel”.
O Caderno (Toquinho)

Das boas lembranças que tenho da escola, além dos amigos que fiz, o lápis e o caderno me trazem muita saudade. Registravam o que meus professores me proporcionavam de descobertas a incertezas. Porque a vida é isso: descobertas e incertezas.

Aliás, incertezas parecem que estão mais atuais do que nunca. Nas últimas semanas, o Brasil e o mundo têm convivido com um inimigo invisível – Covid-19 – gerando dúvidas, esforços coletivos, frustações e esperança.

Diante da pandemia que assola nosso dia a dia, a escola tem o desafio de se reinventar diante do silêncio do pátio e de seus portões fechados. A suspensão das aulas foi uma medida importante para colaborar no isolamento social.

Nesta situação excepcional, estabelecer uma nova relação pedagógica se tornou um desafio tão grande para educadores quanto combater o novo coronavírus para profissionais da saúde.

Nunca a tecnologia esteve tão presente na Educação. No entanto, as Educação não é um software que se adquire, se utiliza e se descarta. Ela se constrói na relação educador-educando e se repensa todos os dias.

A Educação acontece nesse movimento, um constante repensar, refazer, reconstruir, reinventar, ressignificar, refletir. Aliás, neste dia 28 de abril, comemoramos o Dia Mundial da Educação.

Vivenciar a Educação com uso de tecnologias não é novo, visto que há muito tempo tem estado presente em projetos educacionais em muitos espaços escolares. O novo é quando as relações humanas ocorrem por meio de uma relação ensino/aprendizagem exclusivamente à distância.

O ensino remoto tem limitações e não conseguirá substituir a experiência escolar presencial. Nada substitui o olho no olho, o calor, a riqueza e os mistérios do encontro pessoal.

Acredito que quando tudo isso passar, valores como compaixão, solidariedade e empatia serão bens mais preciosos e, por isso, a escola poderá ser melhor do que já é.

Estou aprendendo que essa privação do contato social nos revela uma saudade até então nunca sentida. Saudade de estar lado a lado, brincando, conversando, aprendendo, desenhando no papel. Nada disso pode ser substituído por uma tela de computador!

Eliseu Gabriel é professor, vereador e presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal.

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