Para entender o Brasil, HQ une ficção e marcos históricos
Publicação: 03/12/2021

“Contra Tempo – uma viagem de 200 anos” será publicada em partes até o Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022

O Instituto Ciência na Rua começou na última segunda-feira (29) o lançamento da história em quadrinhos Contra Tempo – uma viagem de 200 anos. Dedicada ao público infantojuvenil, a trama distópica envolve uma jovem estudante de História que, literalmente, viaja no tempo para entender o Brasil atual em que vive. A HQ será publicada em partes até setembro de 2022 no site do instituto.

Para compreender um país controlador, racista e violento onde vive, a jovem aluna negra embarca em uma viagem no tempo para reencontrar a história da Independência do Brasil. A bordo de uma cápsula do tempo imaginária, ela volta ao passado, em momentos históricos decisivos como a Revolução de Pernambuco, o centenário da Independência e avança para o período mais duro da ditadura militar, em 1972.

A proposta da HQ é levar o leitor a vivenciar a história junto com a personagem de forma ativa, impulsionado por palavras, cores, desenhos e detalhes rigorosamente pensados para representar cada período. Para isso, a idealizadora do projeto e presidente do Instituto Ciência na Rua, Mariluce Moura, reuniu renomados profissionais e especialistas na equipe final: Igor Marques (roteirista), Ana Cardoso (desenhista), Hyna Crimison (colorista) e o historiador da USP João Paulo Pimenta.

João Paulo Pimenta, que é especializado em História da Independência do Brasil, conta que o conteúdo foi definido coletivamente para retratar os destinos da personagem central. “A minha presença no grupo deu suporte de uma base real para a imaginação artística. Assim, a criação parte de um parâmetro e trabalha melhor a serviço da ciência, do conhecimento e da história”, diz.

O historiador explica que o modelo proposto na HQ estabelece um duplo diálogo, entre a divulgação científica e a identificação de fatores que constituem a identidade nacional, atualmente. Vivido também no grupo, o diálogo se estende para as páginas da revista que deixa clara essa proposta já no título. “O acadêmico tem tendência de dar nomes grandes e descritivos, enquanto os artistas gostam de nomes curtos e de personalidade. Contra Tempo une a ideia de voltar no tempo aos sofrimentos de viver em um Brasil distópico”.  

Página 1: Dia. Vista aérea da cidade de Recife, com a ponte Mauricio de Nassau ao centro. As construções, todas com no máximo dois andares, têm aspecto antigo, com telhados triangulares. No rio, do lado esquerdo da ponte, veleiros e pequenos barcos de madeira. A imagem aproxima-se de uma grande igreja de paredes brancas e duas torres. Pessoas caminham na frente da construção. Vestem roupas antigas, como vestidos longos, chapéus e cartolas. Uma mulher de pele marrom médio carrega um balde equilibrado sobre a cabeça. Outra, de pele bege clara, com brincos e maquiagem, caminha com uma sombrinha. Do nada, uma forma arredondada e irregular de luz rosa surge no ar. Ela aumenta de tamanho e uma jovem de pele marrom médio sai de dentro, caindo no chão e levantando-se em seguida. A jovem usa um vestido longo, branco e azul, com uma faixa vermelha na cintura. Com uma das mãos na cabeça e olhar confuso, ela diz: “Onde... Quando eu estou?”. Uma mala marrom surge ao seu lado, envolta pela mesma luz rosa. O portal diminui, parecendo fechar-se. Ao fundo, uma carroça carregada com palha e pessoas passando. Um homem olha a jovem, com semblante desinteressado.

Com um total de 84 páginas, a HQ Contra Tempo – uma viagem de 200 anos foi lançada on-line com quatro páginas iniciais. Posteriormente, serão duas páginas semanais até maio de 2022. A partir de junho, o Instituto Ciência na Rua publicará três páginas por semana, até o encerramento em 2 de setembro, às vésperas da data oficial do Bicentenário da Independência do Brasil.

Saiba mais em: https://ciencianarua.net/contra-tempo-parte-1

Fonte: Jornal da USP, por Tabita Said

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