Prefeitura anuncia planos para centenário da Semana de Arte Moderna
Publicação: 14/07/2021

Celebração lançará luz sobre diversidade e periferias

Denominado Modernismo 22+100, o projeto de reflexão e celebração sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 foi divulgado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo na última quinta-feira (8). Levando em conta as restrições necessárias para a segurança de todos no contexto da pandemia, a programação vai cumprir todas as orientações das autoridades de saúde — inclusive alterando planos se assim for necessário.

Ao mesmo tempo, foi lançado um manifesto, filmado no Theatro Municipal da cidade e narrado pelos atores Hebert Gonçalves e Moara Sacchi. “O 22 de agora é a periferia no centro e o centro na periferia”, ressalta o texto que reúne as diretrizes do evento.

“Pensar sobre a Semana de Arte Moderna e seus desdobramentos no cenário contemporâneo é uma oportunidade incrível de colocar a arte e a cultura no centro do debate social”, diz Alê Youssef, secretário de Cultura da cidade de São Paulo. “Vislumbrar uma retomada para o ano que vem implica em promover um reencontro da cidade com ela mesma, colocando a cultura como saída justa, próspera e democrática da crise que vivemos. Juntar a esse caldo os valores modernistas de criação de uma identidade brasileira, valorização da arte e da diversidade e intercâmbios culturais acrescenta ainda mais valor a esse verdadeiro novo paradigma civilizatório”.

Ciclo Modernismo 22+100 

Os primeiros cinco episódios do conjunto de encontros entre 100 personalidades, que formarão uma curadoria conjunta para as celebrações, estão disponíveis na íntegra em formato podcast nas principais plataformas, e em vídeos curtos nas redes sociais. As discussões foram baseadas em três eixos: História, Linguagens Artísticas e Territórios, buscando a diversidade de pontos de vista.

Já participaram do Ciclo nomes como Zé Celso Martinez Corrêa, Tom Zé, Bia Lessa, Kondzilla, Marco Antonio Villa, Pedro Meira Monteiro, Fióti, Arissana Pataxó, José Miguel Wisnik, Sérgio Vaz, Carlos Augusto Calil, Maria Bonomi, Anelis Assumpção, Baby Amorim (do Bloco Afro Ilu Obá de Min), Silvio Almeida, Eliane Dias (empresária dos Racionais MCs) e Renata de Almeida (da Mostra de Cinema de São Paulo).

Programação prévia

A programação do projeto, prevista para acontecer de dezembro de 2021 a setembro de 2022, conta com manifestações das mais diversas linguagens, que vão do Hip-Hop ao circo, com um olhar atento à diversidade e aos desdobramentos da arte para além do centro, fazendo-se presente também nas periferias.

O Modernismo 22 + 100 terá programação espalhada por toda a cidade, a partir das vibrações do Vale do Anhangabaú e do Theatro Municipal, onde o evento aconteceu em 1922.

O Palco do Anhangabaú, por exemplo, sediará a série de shows “Música Antropofágica”, que conta com diversas manifestações musicais que evocam as raízes brasileiras mostrando sua influência na música contemporânea.

O Vale sediará o Festim no Vale, inspirado no Banquete Antropofágico de 1929, que se baseou em utilizar-se do palhaço Piolin como “refeição”. O Vale também será a sede de um potente encontro de coletivos e expressões variadas no centenário da Semana de 22, para uma ocupação da cidade de forma democrática, com diferentes linguagens.

Haverá também os Cortejos Modernistas, que refazem o Cortejo de 22, uma forma de manifestação artística contrária a tendências conservadoras na produção cultural, abraçando possibilidades de vanguarda. Os Cortejos percorrerão áreas históricas do Centro de São Paulo e de todas as regiões da cidade.

Theatro Municipal será o cenário de performances coletivas, incluindo dois espetáculos do Balé da Cidade — um baseado na obra de Tarsila do Amaral e outro inédito — uma mini Virada Cultural de 24 horas, e montagens de peças de teatro, encenações e leituras dramáticas.

Missão 22REVER22 — inspirada nos trabalhos de Mário de Andrade — vai destacar uma equipe de realização equivalente à complexidade da região metropolitana de São Paulo em 2022. Essa equipe, a partir de levantamentos e pesquisas, vai realizar eventos e ações nos Museus municipais com a intenção de resgatar a vocação da cidade como um território de cruzamento e mescla cultural.

Museu de Arte de Rua (MAR) se faz presente na programação ao evocar o debate sobre o grafitti e a arte de rua — linguagem central para a ideia de um Novo Modernismo, atualizando conceitos da Semana para o contexto contemporâneo.

Na Praça das Artes, acontecerá o Quilombo das Artes, espaço com o objetivo de valorizar o passado e projetar o futuro, ressignificando a Praça das Artes enquanto principal terreiro da cidade. O projeto propõe Rodas de Sambas e Bailes Futuristas, destacando as expressões negras na cidade.

Para o público infantil, o Modernismo 22 + 100 propõe atividades lúdicas, a partir de vivências que se valem da linguagem teatral ou da contação de histórias, trazendo a experiência e um primeiro contato com o movimento. Dentre os eventos, estão a Barbaridade Moderninha e o Espaço Cubista, que trazem uma linguagem atrativa e adaptada ao público.

A Semana de Arte de 22 contou com a participação de uma artista ligada à dança, a bailarina Yvonne Daumierie, inspirada em Isadora Duncan, coreógrafa e bailarina bastante ressaltada pelo seu pioneirismo e por sua atuação no movimento. O Modernismo 22 + 100 entende a importância de dar visibilidade às atrações artísticas de dança e performance, que tenham a coreografia e a corporeidade como aspectos centrais em suas narrativas.

Comissão de Instituições Culturais

O projeto também conta com uma Comissão de Instituições Culturais para a construção de um calendário cultural público-privado. A Comissão, que já realizou diversas reuniões, é integrada por representantes de instituições de grande relevância no contexto acadêmico, histórico e cultural da Cidade de São Paulo.

Fazem parte da Comissão a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, diversos museus como o MASP, o MAM-SP e o Museu Afro Brasil, o Centro de Tradições Nordestinas, a PUC São Paulo, entre outras instituições.

Centros de Referência do Novo Modernismo

Serão inaugurados ainda nove Centros de Referência do Novo Modernismo no mês de julho, espaços dedicados ao assunto em nove Bibliotecas Municipais. Antecipando as comemorações do Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o projeto oferece acervos especializados no Modernismo e na proposição do conceito de “Novo Modernismo”, além de programação relacionada ao que há de mais “antropofágico” na cidade hoje. Nas próximas semanas, a Secretaria lança também dois editais relacionados ao assunto.

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